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Empresas e clientes gastam milhões anualmente com problemas de invasões por hackers.

Para se ter uma ideia, em 2023 no Brasil aconteceram mais de 365 tentativas de ataque por minuto em pequenas e médias empresas.

Qualquer hacker amador consegue encontrar todas as ferramentas de que precisam online, praticamente sem pagar nada. Mas essa proliferação de invasões por hackers não apareceu da noite para o dia.

Foi o trabalho dos agora famosos hackers, que descobriram vulnerabilidades críticas e expuseram os principais pontos fracos, que abriu as portas de uma Internet de livre acesso a todos.

Fizemos uma lista com os dez hackers que mais se destacaram nos últimos anos e quais foram seu impacto para a cibersegurança ao longo do tempo.

1. Kevin Mitnick

Um dos pioneiros entre os hackers norte-americanos, Kevin Mitnick começou a atuar ainda adolescente. Em 1981, foi acusado de roubar manuais de computadores da Pacific Bell.

Em 1982, sua invasão ao Departamento de Defesa dos EUA (NORAD, North American Defense Command) inspirou o filme "Jogos de Guerra", de 1983. Em 1989, ele invadiu a rede da Digital Equipment Corporation (DEC) e copiou os softwares da empresa.

Mitnick ganhou notoriedade porque a DEC era a maior fabricante de computadores da época. Ele acabou sendo detido, condenado e levado para a prisão.

Quando estava em liberdade condicional, invadiu a Pacific Bell novamente, mas dessa vez foram os sistemas de correio de voz da empresa.

Durante sua carreira de invasões, Mitnick não explorou o acesso e os dados obtidos. Embora se acredite que ele tenha obtido total controle da rede da Pacific Bell, Mitnik não tinha intenção de explorar os resultados. O objetivo era provar que isso era possível.

Ele foi preso pelo incidente na Pacific Bell, mas conseguiu fugir e se escondeu por mais de dois anos.

Quando foi capturado, voltou para a prisão pelos crimes de fraude eletrônica e fraude tecnológica.

Mitnick acabou sendo considerado herói, mas em 2014, ele lançou o "Mitnick's Absolute Zero Day Exploit Exchange", que vendia exploits de programas de software críticos e sem correções pela melhor oferta.

Kevin Mitnick faleceu aos 59 anos, em 16 de julho de 2023, depois de lutar por um ano contra um câncer no pâncreas.

2. Anonymous

O Anonymous começou a agir em 2003 nos painéis de mensagens do 4chan, em um fórum sem nome. O grupo não é muito organizado e não está preocupado com justiça social.

Por exemplo, em 2008, o grupo arranjou confusão com a Igreja da Cientologia e começou a tirar seus sites do ar, o que acabou afetando suas classificações de busca no Google e sobrecarregou os aparelhos de fax da igreja com imagens totalmente em preto.

Em março do mesmo ano, um grupo de "Anons" (diminutivo de "anônimos") desfilou por perto de centros de Cientologia do mundo todo usando as agora famosas máscaras de Guy Fawkes.

Conforme observado pelo jornal The New Yorker, embora o FBI e outras agências de segurança pública tivessem rastreado alguns dos membros mais ativos do grupo, a falta de uma hierarquia real tornou quase impossível eliminar o Anonymous completamente.

No Brasil, o grupo continua bastante ativo e costuma trabalhar com ataques direcionados a sites de governos, como o mais recente ocorrido em janeiro de 2024 contra o governo da Paraíba.

3. Adrian Lamo

Em 2001, Adrian Lamo, então com 20 anos, usou uma ferramenta de gerenciamento de conteúdo desprotegida no Yahoo para alterar um artigo da Reuters e incluir uma citação falsa atribuída ao ex-procurador geral americano John Ashcroft.

Em geral, Lamo invadia sistemas e avisava a imprensa e as vítimas. Em alguns casos, ele ajudava a limpar toda a bagunça com a intenção de melhorar a segurança.

Conforme observado pela Wired, entretanto, Lamo acabou indo longe demais em 2002, quando invadiu a intranet do The New York Times e se adicionou à lista de fontes especializadas para começar a fazer pesquisas sobre figuras públicas do alto escalão.

Como ele costumava perambular pelas ruas só com uma mochila e não tinha endereço fixo, Lamo ganhou o apelido de "The Homeless Hacker" (Hacker sem-teto).

Em 2010, já com 29 anos, Lamo descobriu que era portador da Síndrome de Asperger, uma forma branda de autismo que costuma ser chamada de "síndrome geek", pois pessoas com Asperger têm dificuldade de interagir socialmente, se comportam de forma incomum e são muito focadas.

Muitos especialistas acreditam que isso explica o envolvimento de Lamo com esse mundo da cultura hacker.

Adrian Lamo faleceu em 2018, aos 37 anos, mas as causas não foram divulgadas pela família.

4. Albert Gonzalez

Segundo o New York Daily News, Gonzalez, apelidado de "soupnazi", começou como "líder problemático dos nerds de computador", durante o ensino médio, em Miami.

Ele acabou se tornando membro ativo do site criminoso de vendas Shadowcrew.com e foi considerado um de seus melhores hackers e moderadores.

Aos 22 anos, Gonzalez foi detido em Nova York por fraude de cartão de débito relacionada ao roubo de dados de milhões de contas. Para se esquivar da prisão, tornou-se informante do Serviço Secreto, denunciando membros do Shadowcrew.

No tempo em que atuou como informante remunerado, Gonzalez e um grupo de cúmplices continuaram exercendo atividades criminosas e roubaram mais de 180 milhões de cartões de contas-salário de empresas como OfficeMax, Dave and Buster's e Boston Market.

A The New York Times Magazine observa que o ataque de Gonzalez em 2005 à cadeia de lojas norte-americana TJX foi a primeira violação de dados em série de informações de crédito. Usando injeção de SQL, esse famoso hacker e sua equipe criaram portas secretas em diversas redes corporativas para roubar cerca de US$ 256 milhões só da TJX.

Durante sua sentença, em 2010, o procurador federal considerou "sem precedentes" a vitimização humana de Gonzalez. O hacker foi sentenciado a 20 anos de prisão pelo maior roubo de cartões de crédito já feito nos EUA.

5. Matthew Bevan e Richard Pryce

Matthew Bevan e Richard Pryce são hackers britânicos que invadiram diversas redes militares em 1996, incluindo a Base da Força Aérea de Griffiss, a Agência do Sistema de Informação de Defesa e o Instituto de Pesquisa Atômica da Coreia (KARI).

Bevan (Kuji) e Pryce (Datastream Cowboy) foram acusados de quase darem início a uma terceira guerra mundial quando despejaram pesquisas do KARI em sistemas militares dos EUA.

Bevan alega que queria provar uma teoria da conspiração de OVNI e, segundo a BBC, seu caso lembra o de Gary McKinnon.

Mal-intencionados ou não, Bevan e Pryce demonstraram que até as redes militares são vulneráveis.

6. Jeanson James Ancheta

Jeanson James Ancheta não tinha qualquer interesse de invadir sistemas de dados de cartão de crédito, nem de interromper redes para fazer justiça social.

Ele só tinha curiosidade de saber como funcionavam os bots, robôs com base em software capazes de infectar e até controlar sistemas de computador. Usando uma série de "botnets" de larga escala, ele conseguiu comprometer mais de 400.000 computadores em 2005.

Segundo a Ars Technica, ele então alugou essas máquinas para agências de publicidade e foi pago para instalar diretamente bots ou adware em sistemas específicos.

Ancheta foi condenado a 57 meses de prisão. Sua sentença foi marcada como a primeira vez que um hacker foi preso por usar uma tecnologia de botnet.

7. Michael Calce

Em fevereiro de 2000, o adolescente de 15 anos Michael Calce, também conhecido como "Mafiaboy", descobriu como assumir o controle de redes de computadores de universidades e usou seus recursos combinados para corromper o mecanismo de pesquisa número um da época: o Yahoo.

Em uma semana, ele ainda derrubou a Dell, o eBay, a CNN e a Amazon usando um ataque de negação de serviço (DDoS) dedicado, que sobrecarregou servidores corporativos e interrompeu a operação dos sites.

Esse alerta de Calce talvez tenha sido o mais assustador para investidores e adeptos da Internet. Se o maior site do mundo, avaliado em mais de US$ 1 bilhão, foi desbancado com tanta facilidade, os dados online estão mesmo seguros?

Não é exagero dizer que a criação de leis sobre crime virtual repentinamente se tornou prioridade para o governo americano, graças ao trabalho do Calce.

Em entrevista para o jornal britânico The Sun dada em 2023, Calce disse que atualmente tem medo dos ciberataques, pois hoje em dia eles podem derrubar cidades inteiras rapidamente.

8. Kevin Poulsen

Em 1983, o jovem Poulsen, de 17 anos, usando o codinome Dark Dante, invadiu a ARPANET, rede de computadores do Pentágono, mas logo foi descoberto. O governo decidiu não processar Poulsen, que era menor de idade, na época, e ele acabou recebendo apenas uma advertência.

Poulsen não ligou a mínima para a advertência e continuou com as atividades de hacker. Em 1988, ele invadiu um computador federal e acessou arquivos que pertenciam ao presidente deposto das Filipinas, Ferdinand Marcos.

Descoberto pelas autoridades, Poulsen desapareceu. Enquanto esteve na ativa, Poulsen se manteve ocupado invadindo arquivos do governo e revelando segredos.

Segundo seu próprio site, em 1990, ele invadiu um concurso de uma emissora de rádio para conseguir ser a 102ª pessoa a ligar. Ganhou como prêmio um Porsche novinho, uma viagem e US$ 20.000.

Poulsen logo foi preso e proibido de usar computador por três anos. Desde então, reinventou-se e se tornou jornalista. Hoje ele escreve sobre segurança de computadores como editor sênior do portal Wired.

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9. Jonathan James

Usando o codinome cOmrade, Jonathan James invadiu o sistema de diversas empresas. Mas o que deu a ele notoriedade foi ter conseguido invadir os computadores do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O mais impressionante é que, na época, James tinha apenas 15 anos.

Em entrevista para a PC Mag, James admitiu que sua inspiração seria, em parte, o livro The Cuckoo’s Egg, que detalha a caça a um hacker de computador nos anos 80. Com essa invasão ele conseguiu acessar mais de três mil mensagens dos funcionários públicos, nomes de usuários, senhas e outros dados confidenciais.

James foi detido em 2000 e sentenciado a seis meses de prisão domiciliar e proibido de usar o computador para fins recreativos. No entanto, uma violação da pena o levou para a cadeia durante seis meses. Jonathan James se tornou o mais jovem condenado por violar as leis de crime virtual.

Em 2007, a loja de departamentos TJX teve seu sistema invadido, comprometendo informações privadas de inúmeros clientes. As autoridades suspeitaram que James estivesse envolvido, mas nunca conseguiram provas.

Jonathan James acabou se suicidando com um tiro na cabeça em 2008. Segundo o Daily Mail, James escreveu o seguinte em sua carta suicida: “Eu não acredito no sistema da 'justiça'. Talvez minhas ações hoje, juntamente com esta carta, transmitam às pessoas uma mensagem mais forte. De qualquer forma, perdi o controle dessa situação, e esta é a única maneira de consegui-lo de volta”.

10. ASTRA

Este é um hacker diferente dos outros desta lista, pois nunca foi identificado publicamente. No entanto, segundo o Register algumas informações foram divulgadas sobre o ASTRA, mais precisamente quando ele foi capturado pelas autoridades em 2008. Ele era um matemático grego de 58 anos.

Dizem que ele invadiu sistemas do Dassault Group por quase cinco anos. Durante esse tempo, roubou programas de software de tecnologia para armas de última geração e também dados, que vendeu a 250 pessoas pelo mundo. Essa invasão custou ao Dassault Group um prejuízo de US$ 360 milhões. Ninguém sabe ao certo por que sua verdadeira identidade não foi divulgada, mas, em sânscrito, a palavra Astra significa "arma".

Alguns desses hackers engenhosos queriam fazer do mundo um lugar melhor, enquanto outros queriam provar teorias alienígenas. Uns estavam atrás de dinheiro, outros de fama, mas todos eles tiveram um papel importante na evolução da cibersegurança.

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